15.6.06
Honrar Pai e Mãe
Há momentos na nossa vida em que os sentimentos se sobrepõem às ideias, tolhendo-nos abruptamente a expressão delas. Nos últimos dias assim tenho vivido, atormentado pela perda irremediável do meu amargurado Pai, caído há meses num doloroso padecimento sem esperança.
Terminou para ele e também para os que com ele conviviam, um período de excruciante inquietação. Foi de novo para mim um forte abalo espiritual, depois de há sete anos ter sofrido a perda da minha querida Mãe, que, pelo imprevisto, ainda mais me custou a enfrentar, se é que, nestas matérias, eminentemente afectivas, têm cabimento comparações ou gradações de alguma espécie.
Com o desaparecimento dos nossos Pais, inexoravelmente amadurecemos e envelhecemos. Sentimos algo de estranho ao nosso redor, uma sensação aguda de vazio, de pura perda, irreparável, por insubstituível, que nem todo o conforto que os restantes membros da família nos queiram prodigalizar chega para nos compensar do golpe sobrevindo.
Entretanto, sabemos que a vida continua, tem de continuar, com as suas exigências mesquinhas, rotineiras ou empolgantes e a elas nos agarramos para ultrapassarmos o desgosto que nos atingiu, na esperança de ocuparmos a mente com outros assuntos, outras motivações que nos hão-de comunicar novos impulsos, novo alento de vida.
Exemplos de vidas simples, esforçadas, honestas nos seus procedimentos, verdadeiras na sua expressão, como hoje já não abundam, na sofreguidão que se apossou de todos nós, em ter, em possuir, em angariar, para não nos sentirmos diminuídos aos olhos dos demais, influência que subrepticiamente exerce sobre o nosso comportamento a cultura do momento, o espírito da época em que inelutavelmente temos de viver.
Sem nos submetermos ao espírito do nosso tempo, quando cultivamos certos valores e ideais que reputamos elevados, intemporais, a verdade é que nunca deixamos de sofrer o seu influxo, salvo aqueles casos, absolutamente raros, dos que são capazes da radicalidade máxima das opções exigentes de índole ética que um dia ousaram perfilhar, de forma pública ou anónima, secreta, esta última ainda mais extraordinariamente nobre.
Os demais tentam tão-somente contrabalançar, com atitudes de coerência, numa prática quotidiana de moderação, a força avassaladora do momento, implacável modeladora de mentalidades e de comportamentos.
Quando pensamos nos nossos Pais, nos exemplos dignos das suas vidas, desejamos que a nossa nunca os desmereça, antes os honre, com mais ou menos realizações, mas sempre guiados pela mesma nobreza de ideais com que desde pequenos os vimos proceder e que nos habituámos a respeitar.
Honrar Pai e Mãe, como diz a Bíblia, exprimimindo desta maneira um conceito tão singelo quanto fundamental, para a rectidão das nossas vidas, base moral sobre que deve assentar qualquer espécie de sociedade que queiramos construir, deverá ser o lema que nos acompanhe pela vida fora, por todo o tempo em que cá andarmos.
Que nunca façamos nada que possa envergonhar o exemplo de vida honrada de nossos Pais.
AV_Óbidos, 15 de Junho de 2006
Terminou para ele e também para os que com ele conviviam, um período de excruciante inquietação. Foi de novo para mim um forte abalo espiritual, depois de há sete anos ter sofrido a perda da minha querida Mãe, que, pelo imprevisto, ainda mais me custou a enfrentar, se é que, nestas matérias, eminentemente afectivas, têm cabimento comparações ou gradações de alguma espécie.
Com o desaparecimento dos nossos Pais, inexoravelmente amadurecemos e envelhecemos. Sentimos algo de estranho ao nosso redor, uma sensação aguda de vazio, de pura perda, irreparável, por insubstituível, que nem todo o conforto que os restantes membros da família nos queiram prodigalizar chega para nos compensar do golpe sobrevindo.
Entretanto, sabemos que a vida continua, tem de continuar, com as suas exigências mesquinhas, rotineiras ou empolgantes e a elas nos agarramos para ultrapassarmos o desgosto que nos atingiu, na esperança de ocuparmos a mente com outros assuntos, outras motivações que nos hão-de comunicar novos impulsos, novo alento de vida.
Exemplos de vidas simples, esforçadas, honestas nos seus procedimentos, verdadeiras na sua expressão, como hoje já não abundam, na sofreguidão que se apossou de todos nós, em ter, em possuir, em angariar, para não nos sentirmos diminuídos aos olhos dos demais, influência que subrepticiamente exerce sobre o nosso comportamento a cultura do momento, o espírito da época em que inelutavelmente temos de viver.
Sem nos submetermos ao espírito do nosso tempo, quando cultivamos certos valores e ideais que reputamos elevados, intemporais, a verdade é que nunca deixamos de sofrer o seu influxo, salvo aqueles casos, absolutamente raros, dos que são capazes da radicalidade máxima das opções exigentes de índole ética que um dia ousaram perfilhar, de forma pública ou anónima, secreta, esta última ainda mais extraordinariamente nobre.
Os demais tentam tão-somente contrabalançar, com atitudes de coerência, numa prática quotidiana de moderação, a força avassaladora do momento, implacável modeladora de mentalidades e de comportamentos.
Quando pensamos nos nossos Pais, nos exemplos dignos das suas vidas, desejamos que a nossa nunca os desmereça, antes os honre, com mais ou menos realizações, mas sempre guiados pela mesma nobreza de ideais com que desde pequenos os vimos proceder e que nos habituámos a respeitar.
Honrar Pai e Mãe, como diz a Bíblia, exprimimindo desta maneira um conceito tão singelo quanto fundamental, para a rectidão das nossas vidas, base moral sobre que deve assentar qualquer espécie de sociedade que queiramos construir, deverá ser o lema que nos acompanhe pela vida fora, por todo o tempo em que cá andarmos.
Que nunca façamos nada que possa envergonhar o exemplo de vida honrada de nossos Pais.
AV_Óbidos, 15 de Junho de 2006
Comments:
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Meu amigo (não nos conhecemos!),receba os meus sinceros e sentidos pêsames.São, presumo, adivinho, momentos em que a alma vai ao charco mas que os sentidos, a crueza da vida, nos obrigam a contrariar. Não nos falta a vontade, fica em causa o sentido de tudo ...
Um abraço
Um abraço
Meu Caro António Viriato:
Permita-me exprimir os sentimentos de pesar que a Sua Perda me inspira, sendo certo que postais tão dignos e sentidos como este são também maneira muito idónea de honrar Os que se foram.
Permita-me exprimir os sentimentos de pesar que a Sua Perda me inspira, sendo certo que postais tão dignos e sentidos como este são também maneira muito idónea de honrar Os que se foram.
Amigo António Viriato,
Que posso eu dizer-te a não ser, meus sinceros sentimentos por perda tão irreparável. Sei do amor e do carinho que dedicavas ao teu pai.
Um abraço,
Que posso eu dizer-te a não ser, meus sinceros sentimentos por perda tão irreparável. Sei do amor e do carinho que dedicavas ao teu pai.
Um abraço,
19/06/06.
Estimado António,
Acabei de ler seu comentário lá no meu cantinho e, após o susto, vim, imediatamente, dizer a você o quanto eu conheço a dor que você está sentindo! Gostaria de lhe dizer que vai passar; comigo, até hoje, a dor da perda de meu pai não passou (ainda tenho minha mãe, com 89 anos feitos em março passado, você também perdeu sua mãe...). É preciso buscar forças, que você as encontre...
Incrível como, neste ano, eu e alguns amigos e parentes estamos tendo nossos momentos difíceis!
Quanto a honrar seus pais, creio que o tem feito, basta ver sua preocupação com o assunto.
Gostaria de poder dizer-lhe algo reconfortante... não sei o que dizer. Perdoe-me (quem me conhece sabe a dificuldade com que lido com a Morte, preciso mudar).
Que Deus o proteja.
FORTE ABRAÇO,
Ilmara.
Estimado António,
Acabei de ler seu comentário lá no meu cantinho e, após o susto, vim, imediatamente, dizer a você o quanto eu conheço a dor que você está sentindo! Gostaria de lhe dizer que vai passar; comigo, até hoje, a dor da perda de meu pai não passou (ainda tenho minha mãe, com 89 anos feitos em março passado, você também perdeu sua mãe...). É preciso buscar forças, que você as encontre...
Incrível como, neste ano, eu e alguns amigos e parentes estamos tendo nossos momentos difíceis!
Quanto a honrar seus pais, creio que o tem feito, basta ver sua preocupação com o assunto.
Gostaria de poder dizer-lhe algo reconfortante... não sei o que dizer. Perdoe-me (quem me conhece sabe a dificuldade com que lido com a Morte, preciso mudar).
Que Deus o proteja.
FORTE ABRAÇO,
Ilmara.
Caro António, só agora, após regressar de um viagem, li esta triste notícia e bonita homenagem. Os meus sinceros pêsames.
Um abraço,
Carlos
Um abraço,
Carlos
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